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Evento foi promovido pelo 3º Conselho das Apaes e realizado no auditório da Sicredi Confiança

 

Na noite de quarta-feira, 2 de abril, o 3º Conselho das Apaes, com sede em Três de Maio, promoveu a palestra 'Inclusão social e escolar de pessoas neurodiversas', em celebração ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O evento foi conduzido pela família Brito Sales - Dra. Anita Brito, Alexsander Sales e Nicolas Brito Sales -, de São Paulo, e realizado no auditório da Sicredi Confiança, em Três de Maio, com acolhida musical de Léo Weise.

Participaram do encontro os colaboradores da Apae anfitriã, bem como das Apaes de Alegria, Boa Vista do Buricá, Braga, Giruá, Horizontina, Humaitá, Independência, Santo Augusto, São Martinho, Três Passos e Santa Rosa. Também estiveram presentes representantes da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada) de Santa Rosa, da Secretaria Municipal de Educação, de escolas municipais de Três de Maio e São José do Inhacorá, Setrem, Colégio Dom Hermeto, Fundação Municipal de Saúde de Santa Rosa (Fumssar), Clínica Ser Cadia (Centro de Atendimento ao Desenvolvimento da Infância e Adolescência) da Unimed Alto Uruguai e Associação de Pais e Familiares dos Autistas de Três de Maio.

O coordenador do 3º Conselho e presidente da Apae de Três de Maio, Paulo Camargo, fez a abertura do evento, enfatizando que o propósito do evento era compartilhar conhecimentos para que as equipes pudessem se especializar cada vez mais, a fim de continuarem atendendo com excelência. Ele também agradeceu ao Sicredi Confiança pela cedência do espaço.

 

‘É preciso unir amor e técnica ao trabalhar com autistas’

A palestra iniciou com as explanações da Dra. Anita Brito. Casada com Alexsander e mãe do Guilherme e do Nicolas, é pós-doutora em Neurobiologia, doutora em Neurociências, escritora e palestrante. Formada em língua e literatura inglesa, atuou como professora por 26 anos e mudou de área para poder ajudar o filho Nicolas, diagnosticado com autismo.

Segundo ela, atualmente é comum ouvir frases como ‘Hoje em dia tudo é autismo’ e ‘o autismo está na moda’. “Estas frases são perigosas. Não cabe a quem não é da área proferir isso. Há relatos de autismo de muitos séculos atrás”, afirmou.

Em relação à inclusão escolar de pessoas neurodiversas, garantida por lei, disse que os professores precisam se especializar e aprender. “O Nicolas foi o primeiro autista nível 3 de suporte a ser incluído na escola regular no Brasil, em 2003, quando ainda não exista a lei.”

De acordo com Anita, é necessário acolher o aluno com autismo. “Gritar ou xingar não adianta. A educação precisa ser estruturada, adequando as atividades conforme a faixa etária do aluno. É preciso unir amor e técnica ao trabalhar com autistas. Importante atentar para uma avaliação individualizada e trabalhar com um Plano de Ensino Individualizado (PEI), contando com a ajuda de todos que estão no entorno da criança. Os autistas devem ser tratados de maneira individualizada e humanizada.”

Ela destacou que a sala de aula é lugar de transformação. “A inclusão não é uma obrigação, é uma escolha da família. E se ela escolheu incluir, escolha ser parte do processo. Faça com que a criança tenha tido a sorte de ser seu aluno. Uma boa ação hoje reflete na vida de todos os envolvidos por muito tempo.”

Sobre as causas deste transtorno do desenvolvimento, ela explicou que é a junção da genética com o ambiente. “Como os pais se alimentam, se comportam, como foi a gravidez da mãe e a saúde do pai, somados à fatores genéticos, regem como cada um nasce. Ninguém está livre de ter um filho autista. Genética e ambiente estão interligados, e não é uma única causa. São diversas causas para termos os diferentes tipos de autismos.”

 

‘Meu maior erro foi ter idealizado um filho’

A afirmação é de Alexsander Sales. Ele, que é administrador de empresas, palestrante e instrutor do treinamento PCM – Professional Crisis Management, relatou que a esposa, Anita, percebeu, com o passar do tempo, que Nicolas não estava atingindo os marcos do desenvolvimento.

“Fomos ao pediatra, que disse que ele não tinha nada. Minha esposa não desistiu, e lembrou de ter estudado há alguns anos sobre o autismo, e então começou a pesquisar sobre isso. Após mais investigações, recebemos o diagnóstico. Foi aí que que eu entrei em um processo complicado da minha vida.”

E seguiu, contando um acontecimento que, segundo ele, foi a ‘virada de chave’ em sua vida. “Um dia a Anita estava sentada com o Nicolas, brincando, e eu disse lhe disse: ‘Nada do que fizermos vai adiantar, porque o mundo vai destruir o que estamos fazendo.’ E ela me disse: ‘então nós vamos preparar o mundo para receber nosso filho.’ Então eu percebi que precisava ajudá-la, e comecei a aprender sobre o autismo.”

Em 2003 Nicolas começou a ir na escola. “Foi um longo processo. Ele deixou de usar fralda, passou a comer sozinho, sem gritar, começou a falar as primeiras frases, como ‘papai, amo você’. Eu esperei 12 anos para ter a primeira conversa com meu filho. A vida é uma batalha todos os dias. E pode ser que vocês, professores, nunca vejam o resultado das ações, mas saibam que elas mudam vidas. É fácil dizer o que a criança não sabe fazer. Difícil é ver o potencial dela. Nós conseguimos valorizar as potencialidades do nosso filho, e hoje ele é um artista. Nunca deixamos de acreditar nele! Por isso, eu sou o ‘cara’ mais abençoado do mundo. Vivi esta história e hoje estou aqui contando isso para vocês”, disse, emocionado.

 

‘Nem todo ser humano é autista, mas todo autista é ser humano’

Esta frase é a preferida de Nicolas Brito Sales, segundo ele. Hoje com 26 anos, é palestrante, fotógrafo, escritor, assistente terapêutico e artista plástico.

Juntamente com os pais, percorre vários lugares para palestrar sobre como é ser autista e estar inserido na sociedade. Em 2014, foi coautor do livro “TEA e inclusão escolar – um sonho mais que possível”, e em 2017 lançou seu próprio livro, denominado ‘Tudo o que eu posso ser’, no qual conta suas experiências, o que pensa e como vive em sociedade.

Foi premiado com o People’s Choice Award de melhor fotógrafo, no ArtBrazil 2017 nos Estados Unidos, e em 2019 lançou seu primeiro livro infantil: ‘Ivana e a cura para o preconceito’. E também já participou de dezenas de exposições no Brasil e nos Estados Unidos.

No ano passado ele conheceu o presidente francês Emmanuel Macron, na cerimônia de inauguração do Institut Pasteur de São Paulo (IPSP), sediado na Universidade de São Paulo (USP), e também esteve, juntamente com os pais, no programa Caldeirão com Mion, da Rede Globo.

Em sua explanação, contou que não falava quando criança, e foi com quase 12 anos que começou a se comunicar de forma mais efetiva. “Meus pais sempre me incentivaram a ser independente. Sei preparar minhas refeições, mas não entendo de burocracias, marcar consultas e pagar contas, por exemplo.”

Ele recordou que o autismo lhe trouxe atraso da fala e comunicação, bem como dificuldades de socialização e autonomia. “O autismo me travou, mas depois de estímulos melhorei e, assim, fui conquistando autonomia. Eu gosto de ser autista! No fim de 2016 me formei no Ensino Médio, sendo o orador da turma. Foi a noite mais feliz da minha vida”, comemorou.

Nicolas destacou a importância da inclusão social e escolar. “Antigamente eu não saía de casa, tinha medo de bexigas e de crianças, não tinha amigos e não conversava. Então o cenário foi mudando: hoje saio de casa, viajo, não tenho medo de bexigas e crianças, tenho amigos, já falo com facilidade e me socializo.”

Sobre a inclusão escolar, ele revelou que os autistas podem ter dificuldade de interpretação, e trouxe exemplos de atividades adaptadas que realizava em sala de aula. “Eu era fascinado pelo Super Mario, pois era meu hiperfoco da época. Então meus professores faziam diversas atividades relacionadas ao personagem, como nas disciplinas de biologia, química, física e artes, e isso me ajudou a entender os conteúdos, e depois não precisei mais de lições adaptadas.”

Nicolas enfatizou que nem toda deficiência é perceptível. “As pessoas com deficiência não são a deficiência. E os autistas não ‘têm cara de autista’. É comum ouvirmos julgamentos neste sentido, o que é muito triste.”

E finalizou dizendo que cada um pode apresentar raciocínios distintos, ou seja, o cérebro humano oferece caminhos diferentes para as mesmas coisas. “Então, professores, descubram o que seus alunos gostam e tenham paciência, porque cada um tem seu tempo de aprender.”

Ao fim do evento, o público pôde interagir com os palestrantes, fazendo perguntas e sanando dúvidas.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação Apae Três de Maio

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