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Já imaginou sonhar com o dia em que o seu trabalho não será mais necessário no mundo? Não é que eu esteja falando sobre uma dominação da inteligência artificial, mas de simplesmente acordar um dia e saber que ninguém precisa do que você faz. Esse é, justamente, o sonho de Anna Luísa Beserra, de 27 anos.

A jovem empreendedora está por trás da startup Sustainable Development & Water For All (SDW) – ou Desenvolvimento Sustentável e Água Para Todos, na tradução para o português. Como o próprio nome diz, a empresa atua com soluções de saneamento e distribuição de água limpa para comunidades desassistidas.

“Eu sempre digo que o nosso marco principal é o momento em que a gente entenda que não precisamos mais existir. E esse marco só vai ser alcançado quando todo mundo tiver acesso a água potável, saneamento básico. Sabemos que pode parecer um cenário utópico, difícil de ser alcançado, mas vamos trabalhar duramente e todos os dias das nossas vidas até conseguir essa conquista”, afirma. 

Anna Luísa pode ser considerada o que chamamos de prodígio. Ela se encaixa perfeitamente na descrição do dicionário de “pessoa que apresenta alguma habilidade ou talento fora do comum” ou “que possui excepcional inteligência ou talento para sua idade".

Aos 15 anos, a jovem criou uma tecnologia que usa a luz solar para tratar a água da chuva e torná-la potável. O invento foi batizado de Aqualuz e foi inscrito por Anna Luísa em um prêmio para jovens cientistas. Para a surpresa de quem ouve sua história hoje, ela não ganhou a competição.

“Mas eu já estava tão fascinada por finalmente conseguir ser cientista, porque eu achava que para ser cientista só estando na faculdade, que eu continuei tocando o desenvolvimento da tecnologia como hobby, tentando sempre aperfeiçoar o produto”, conta.

Dois anos depois, tendo ingressado na Universidade Federal da Bahia (Ufba) para cursar Biotecnologia, Anna Luísa criou a SDW para conseguir levar a tecnologia a campo por conta própria. E veio a frustração.

“Como empreendedora, eu achei que fosse ser mais fácil, mas também fui super iludida quanto a isso. Foi uma trajetória muito árdua, de tentar desenvolver tecnologia com limitações de recurso financeiro”, conta. Aliado a isso, ela também precisou aprender como gerenciar um negócio de impacto social e que se sustentasse financeiramente.

A virada de chave veio em 2019, quando o esforço de Anna Luísa foi reconhecido com um prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU). Naquele ano, a SDW começou a receber investimentos de empresas para instalação de projetos em comunidades e, em seguida, veio o Prêmio Jovens Campeões da Terra da ONU. 

“É considerado como se fosse o ‘Nobel dos Jovens do Meio Ambiente’. Então, para mim foi um grande prestígio e uma honra ser, até hoje, a única brasileira. Espero que em breve a gente tenha mais brasileiros conquistando", torce.

 

Aqualuz e outras ferramentas do SDW

Sua primeira criação, o Aqualuz, é também a mais famosa. Consiste em um equipamento formado por um reservatório em que é possível armazenar 10 litros de água. Em exposição direta à radiação solar, os micro-organismos presentes na água morrem. O intuito é torná-la potável e diminuir a incidência de doenças de veiculação hídrica, principalmente, no sertão.

A ideia da criação do Aqualuz surgiu após Anna Luísa ler o livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e ser impactada pela narrativa que trata da escassez de água que atinge tantos sertanejos. O projeto foi só o ponto de partida.

“À medida que a gente foi entendendo a complexidade do problema da água e saneamento, principalmente nas zonas rurais, que existem diversas limitações para aplicação de outras tecnologias, fomos desenvolvendo um portfólio nosso com foco em tecnologias sociais e com foco em tecnologias baseadas na natureza”, afirma Anna Luísa.

Segundo a empreendedora, hoje há sete tecnologias disponíveis no portfólio da SDW, divididas em soluções para água e saneamento. 

A startup contabiliza ter beneficiado 40 mil pessoas em seus 10 anos de existência, tendo projetos em 16 Estados do Brasil, além de uma pequena atuação nos países de Porto Rico e Equador.

O foco de Anna Luísa agora é adentrar no setor de políticas públicas, porque, até o momento, os patrocinadores das ações da SDW têm sido iniciativas privadas, sendo que, como a empreendedora bem salienta, ‘o maior interessado na redução das doenças de veiculação hídrica deveria é o poder público’.

O mais comum, porém, é que empresas que atuem no semiárido brasileiro cheguem até a SDW em busca de soluções para atender as populações que estão em seu entorno. A startup, então, realiza um diagnóstico para entender a problemática da região, instala a tecnologia mais adequada e depois capacita os moradores para entender o funcionamento. 

Ela sintetiza que, em média, a cada R$ 1 investido em seus projetos de forma completa, a sociedade economiza R$ 27. 

“A gente, inclusive, tem uma métrica que é muito importante destacar que é o SROI, o Retorno Social do Investimento, que contabiliza tudo; tudo relacionado à saúde, educação, renda, infraestrutura da comunidade que a gente consegue alcançar de resultado, junto também com os dados públicos que a gente encontra. E aí a gente consegue converter quanto que foi investido e o potencial de economia que a gente está gerando durante o tempo de vida do produto”, explica Anna Luísa.

 

Semente para próximas gerações

De quando tinha 15 anos para cá, algo primordial mudou na vida de Anna Luísa: se antes, tudo se resumia ao sonho de ser cientista; hoje, tudo o que ela faz está ligado ao compromisso que estabeleceu consigo mesma, de construir um mundo melhor para a filha, a pequena Luna.

A jovem “cientista/empreendedora” acrescentou um “/mãe” na sua biografia, o que, possivelmente a tornou ainda melhor nas suas outras duas funções. 

“Eu tenho um compromisso como ambientalista de perpetuar uma geração de pessoas conscientes. Pelo menos eu vou fazer a minha parte, né? Eu não quero necessariamente que ela siga a carreira de saneamento, água e ciência, mas da forma como ela escolher atuar que seja de uma forma que ela consiga contribuir para o mundo, para o mundo se tornar um lugar melhor”, declara.

 

Fonte: Terra

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